domingo, 10 de fevereiro de 2013

Tem Flores na Janela

Por mais que o tempo passe, no fundo, nossas questões pessoais são sempre as mesmas. A gente está sempre desejando e pensando e querendo e lutando por alguma coisa que achamos não temos.

Às vezes estas coisas nos consomem tanto que perdemos o ar, perdemos os amigos, perdemos os laços e nos desfazemos em amargura. Deixamos de ser felizes naquele momento, deixamos de comemorar o que está acontecendo para ficarmos pensando como seria se...

E a vida segue acontecendo, independente de nos sentirmos bem ou mal. Felizes ou amargos. Alegres ou tristes.

É o telefone que não tocou. A mensagem que não veio. Será que o email travou?
A foto que não foi comentada no facebook.

Gente, hoje em dia como precisamos ser “curtidos” nas redes sociais...
Experimentem publicar alguma coisa, um segundo depois, se ninguém “falou” nada..., ai Jesus, que desespero!!!!

Como é tempo de folia, todo mundo tem que passar o carnaval em algum lugar, porque como vai ser se eu disser que vou ficar em casa?

Logo vai aparecer alguém achando que eu não estou bem de saúde ou sem dinheiro. “Como em casa? Não vai para lugar nenhum?”

E, enquanto vivemos esta busca angustiante do ter (e urgente), enquanto estamos preocupados em dar respostas elegantes e caras para os nossos relacionamentos, estamos perdendo o foco.
Saindo de cena.
Desaparecendo.

Esquecendo do que mais precisamos e procuramos está em um só lugar.

Para chegar lá não precisamos de passagens, diárias, travels, passaportes..., nada.
É um lugar bem fácil e acessível e com o melhor dos benefícios, pois o custo é zero.

A coisa toda é muito simples.
Tudo que deveríamos ter como principal, de melhor, de mais precioso, está aqui mesmo, dentro de nós.

O mais importante e decisivo é mudar, é girar para o outro lado.
Mas tem que ser consciente sabendo que a engrenagem é flexível.
Não vai quebrar.

Enquanto procurarmos felicidades e realizações em coisas e pessoas, não poderemos ser nada. Estaremos gastando energia, dinheiro e vida com coisas e pessoas que não tem a menor importância.

E colocar foco é bem mais fácil do que imaginamos.
Bem mais simples.

É como ver o sol raiar, abrir as janelas e descobrir que tem flores coloridas e perfumadas a nossa espera, bem aqui na nossa frente.



Tem flores lindas na janela da alma, todos os dias e noites e sempre, a sorrir exalando amor abundante para os nossos corações.

domingo, 10 de junho de 2012

No Rabo do Gato descansam os Dedos




Chego em casa, tiro os anéis e os coloco para descansar no rabo do gato marron.
Vou até a cozinha fazer uma sopa, para aquecer a minha vontade de não sei o que...
Mas que não me deixa parar  de pensar em milhões de coisas ao mesmo tempo.

Descasco as cebolas e choro as confusões mentais da semana.
Bom ou ruim?
Quem vai saber?
Quem os classificou assim??

Muito azeite para deslizar aquilo que não deixei fluir e que no final das contas, 
impactou diretamente no cozimento e impediu o amadurecer das idéias...
Na dispensa ficou esquecido o que era verdadeiro.

O vinho é um compasso para a dança.
Terei eu par nesta valsa?
Cercada de gente e solitária, giro satisfeita com a melodia.

As tensões vão se dilatando e evaporando pelo salão.
Nada é, realmente, tão ruim assim.

Vou dormir mais cedo sob o efeito da droga de não querer saber quem é este personagem.

Amanhã, quando acordar e não tiver para onde ir, pego meus dedos no rabo do gato 
e vou direto para dentro de mim!

sábado, 15 de outubro de 2011

TODO MUNDO DEVERIA...







Assisto pela quarta vez a filmagem do livro da Liz Gilbert: Comer, Rezar e Amar.

Desta vez deixando os detalhes do filme fazer efeito em mim.

Tiro a legenda para que somente o som original possa penetrar.





Fico pensando especialmente, em um ponto.

Diante da vida que a gente leva, acho que todo mundo deveria viajar um ano para se curar.



Sim, viajar.

Sozinha, para lugares ainda nao visitados.

Um roteiro escolhido, planejado.

Com um objetivo bem definido: encontrar comigo mesma.




Se parar para pensar, o que a gente corre para encaixar 24 horas de atividades num dia que dizem que só já tem 16 horas, não está no gibi, né?



Mas temos que dar conta.

São os compromissos, o trabalho, a família, os amigos.

A academia, o best seller que não posso deixar de ler, a novela que estreou, o filme novo do Almodóvar. Tudo isso misturado num ritmo frenético e alucinante.

Preciso dar conta, tenho que acompanhar.



E o eu?

O de verdade?

Aquele lá do fundo, o único que conta.

Quanto tempo faz que cada um de nós não se encontra mesmo com ele?



Para ser sincera, os que estão nesta frequência alucinada, estão ficando doentes.

Mas doentes de verdade.

Então é hora de parar para repensar tudo que estamos atraíndo para nós.



O roteiro que Liz Gilbert escolheu, em função de seus problemas e de suas crenças, de verdade muito me agrada.



Ao pensar em viajar um ano para me encontrar de verdade comigo mesmo, também começaria pelo COMER.

Pela Itália, pelo sabor.

Pela redescoberta do paladar que é um dos primeiros sentidos que nós, seres humanos, desenvolvemos.

E que depois trocamos pelo engolir rápido para chegar a tempo, às vezes nem se sabendo por que?



Sabor, gosto, paladar, cheiro, satisfação.



Mangiare.

Ricorda che mangiare te fa benne!, bella!!

Itália, per favore!



Seguindo Liz iria também em busca dos assuntos da alma.

Estar mais limpa para enxergar definitivamente o deus que está em mim.

Que sempre esteve, em todos os momentos, mas que a distração do mundo exterior consegue me levar para longe daquilo que eu sou.



Não sou palha. Sou deus.

E o foco é no Eu Interior.

Rezar.

Meditar.

Orar.

Tantas variações e o deus único, está lá do mesmo jeito para todo mundo.



Momento de viajar para dentro.

Pode ser a Índia, pode ser Florianópolis ou interior da Bahia.

O importante é manter firme a direção.

Para dentro.



Namastê!



Depois do encontro, da plenitude, de deixar o deus vivo estar presente em todos os seus momentos, minutos, atitudes, da maneira mais simples que É, o momento do AMAR.



Bali é mesmo cenário ideal.

Mas não é preciso um romance do nível do filme.

Javier Barden é tudo. Falando português então... ai meu deus. Tudo de bom!



Só que não é preciso um amor assim para amar.

Não é preciso do outro para se ter amor e encher o peito, o coração, o corpo todo do melhor sentimento.



Pode se apaixonar por si mesmo.

Pelo mar.

Pela caminhada na praia de manhã.

Pelo canto dos pássaros ou pelo simples fato de se estar naquele lugar, naquele momento.



É claro que preparado deste jeito, é possível que se esbarre num amor parecido com o da Liz.

E se você tiver sido capaz de achar o deus dentro de si mesmo, ele será a cara do Javier.



Chego mais uma vez ao final do filme.

Com uma vontade louca de sentir o sabor de um bom vinho tinto, de uma massa, de un formagio, de um tomate com manjericão, de um gelatto e un espresso italianíssimo!



Vontade de voltar a sentir gosto, paladar.



De ficar de olhos bem fechados, ouvindo somente a respiração entrando, saíndo.

De não pensar em nada.

De me olhar de frente.

De não ter mais medo.



E depois de tudo, só viver amores que me amam como eu os amo.

Puro, sincero, sem interesses.

Amores que me aceitam como eu sou.

Que não me julgam. Que me amam sem expectativas.

E que me amam só de amor.



Vontade de iniciar o filme outra vez, fazendo as malas, para enfim partir para a minha vez de viajar um ano só para me curar.



15 OCT 2011

domingo, 7 de agosto de 2011

A Giulietta espera sua Carta

Como disse Fernando, "todas as cartas de amor são ridículas e não seriam ridículas se não fossem cartas de amor. Também escrevi em meu tempo cartas de amor".

É a pura verdade, Fernando, quem já não as escreveu? Eu, você, todo mundo.
Se foi pra valer ou só no pensamento, cada um é que vai dizer da sua, mas, bem ou mal, todos nós já passamos por isso.

Se foi uma carta de amor para exaltar este amor, para cantá-lo em versos, foi então muito muito bom.
E se o amor gostou, curtiu e enviou-lhe uma resposta, UFA! Que maravilha.

Porém, que atire a primeira lágrima, quem nunca escreveu uma daquelas bem amargas, com uma super dor de cotovelos, chorando, chorando por alguém que partiu ou que você não pode acompanhar...

Por sugestão de uma amiga resolvi começar o meu domingo com uma carta de amor.

Não, não escrevi uma carta amarga para lavar em lágrimas a dor de perder um amor.
Comecei foi bem leve, assistindo "O Cartas para Giulietta!"

Sei que não é um filme novo, sei também que não é nenhum Allen, super cabeção e que vai marcar tão profundo que nunca mais vai esquecer esta história.
Cartas para Giulietta é doce. Assim mesmo, doce...

Para quem não viu ainda, eu recomendo, corra lá na locadora e veja logo.
Tenho certeza que terminará o filme com uma sensação gostosa e um sorriso que você não sabe bem de onde veio, boiando nos lábios...



Vá desarmado e entregue-se a paisagem, aos sons, ao vinho, ao amor... Não julgue o filme.

Não antes de Giulietta ouvir as suas linhas chorosas, amarguradas, doídas e o acolher com um abraço sincero.
Deixe o calor de cada frame escorrer pelos seus olhos e descubra que os caminhos de Siena poderão levá-lo, não só pelo maravilhoso interior da Itália, mas também a encontrar-se com si mesmo.


Aviso Importante: antes do filme acabar, você sofrerá uma super vontade de desligar a televisão, fazer as malas e partir.

Partir em busca da conjugação do verbo amar.
Do exercício de entregar seu coração.
Porque a vida não vale um pulso sem ele.


Partir em busca de si mesmo.
Partir em busca de um sorriso, pelo sorriso.
De um suspiro profundo e consciente.


Na carta em que Giulietta me entregou, nesta manhã de domingo, tinha tudo isso temperado com uma suavidade que me fez flutuar por todo dia.



Tenho certeza que em cada cabeça ou em cada coração estressado e maltratado que anda solto por aí, tem uma carta para Giulietta escrita e dobradinha, lá no fundo.

Não perca o seu tempo esperando o Romeo no balcão, escreva a sua!


07 AUGUST 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

Por aí...

Roí todas as unhas

Lavei o cabelo

Me deitei no sol

Vesti dois agasalhos

Comprei um livro

Perdi uma palavra.



Passei batom sem cor

Dei brilho na verdade

Comi uma torrada

Joguei um punhado de sal pra cima

Apaguei as luzes

Fiz foto para passaporte.



Puxei os sonhos

Até saírem pela raiz dos cabelos

Fechei os olhos.

Bati a porta

E morri tantas vezes

quantas foram necessárias

para continuar viva.

sábado, 2 de abril de 2011

Alça do Tempo

Para não perder palavras
costuro poemas na alça do rascunho
Moldo desejos
tortos
junto com a logo do guardanapo.

Sonhos se soltam
da minha bolsa
E em transe vagam pelos corredores
dos aviões que passo

Entre um cochilo e outro.

Cerro os olhos para não
embaralhar ainda mais
E ver que não tenho mais cartas
para comprar da mesa.

A toalha quadricula os pontos principais
e não tem gráfico que aponte para a saída.

Nem portas.
Nem rotas.

Respostas incompletas me esperam
na esteira de bagagem.

E ouço algo da solidão do cerrado
De todas as estrelas que a noite

silenciosa

traz para a janela que me faz dormir
aberta.


De novo pego a alça da mochila.

02 Aprile 2011

domingo, 20 de março de 2011







NAS ASAS DO CARCARÁ

Cresci ouvindo no vozeirão da Bethania as façanhas do Carcará:
Pega. Mata e Come!

Mas, para ser absolutamente sincera,
nunca tive a curiosidade de saber como era.
Sabia que era uma ave, ponto.

No início desta semana mergulhada nas pautas,
entre telefonemas, justificativas e respostas...
um barulho forte na janela quebra o ritmo do estresse.

Olho para a janela rapidamente,
e quem está lá...
com penugem majestosa, cores fortes e um olhar profundo?!?

O personagem da música:
Carcará!!!
"Pega, mata e come.
Carcará mais coragem do que o homi..."

Acho que perdi alguns minutos assim
viajando na música e assustada com o inusitado da visita.
E abobada fiquei meio sem saber o que fazer.

Aí me lembrei de que posso registrar o meu visitante com fotos!!!

Passo a mão no telefone
e numa fração de segundos.
Entre a pressa do clique e acertar o telefone-câmera...
Me apaixono pelo gavião.

Imponente e despreocupado ele passeia na janela que não é minha,
em um vai e vem
de quem estuda o terreno mas que não vai para lugar nenhum.

Com a máquina de ocasião, saio clicando o bichinho sem pedir uma pose.
Tenho que ser rápida porque quem vai acreditar que ele veio me visitar?

A rotina nos trouxe a tensão por estes dias.
Boatos e fofocas povoam a timeline.
Quem sobe, quem desce?
Quem fica, quem se cristaliza no poder?

E ele ali.
Passeando tranquilamente.
Ocupando toda a janela como se tudo isso não existisse.
E existe? Para quem mesmo?

O Caracará me olha nos olhos.
Naquele instante o reconheço, sei quem ele é.
Somos um.
Naquele momento eu sou o gavião que me espreita pelo lado de fora da janela.

Meu coração bate no mesmo ritmo do dele.
Olhos nos olhos nos olhos nos meus olhos.
Sei o que veio me dizer.

Esqueço as fotos
para me juntar a ele.
Neste instante foi-se o medo.

Sou só amor.

Ele me olha uma última vez.
Eu bato a última foto.

Ele abre as asas pretas, lindas
e se vai pelos céus de Brasília.

Vai sem se despedir.

Mas por que me despedir
se vou com ele...
Se vôo com ele...


19 MARZO 2011