sábado, 15 de outubro de 2011

TODO MUNDO DEVERIA...







Assisto pela quarta vez a filmagem do livro da Liz Gilbert: Comer, Rezar e Amar.

Desta vez deixando os detalhes do filme fazer efeito em mim.

Tiro a legenda para que somente o som original possa penetrar.





Fico pensando especialmente, em um ponto.

Diante da vida que a gente leva, acho que todo mundo deveria viajar um ano para se curar.



Sim, viajar.

Sozinha, para lugares ainda nao visitados.

Um roteiro escolhido, planejado.

Com um objetivo bem definido: encontrar comigo mesma.




Se parar para pensar, o que a gente corre para encaixar 24 horas de atividades num dia que dizem que só já tem 16 horas, não está no gibi, né?



Mas temos que dar conta.

São os compromissos, o trabalho, a família, os amigos.

A academia, o best seller que não posso deixar de ler, a novela que estreou, o filme novo do Almodóvar. Tudo isso misturado num ritmo frenético e alucinante.

Preciso dar conta, tenho que acompanhar.



E o eu?

O de verdade?

Aquele lá do fundo, o único que conta.

Quanto tempo faz que cada um de nós não se encontra mesmo com ele?



Para ser sincera, os que estão nesta frequência alucinada, estão ficando doentes.

Mas doentes de verdade.

Então é hora de parar para repensar tudo que estamos atraíndo para nós.



O roteiro que Liz Gilbert escolheu, em função de seus problemas e de suas crenças, de verdade muito me agrada.



Ao pensar em viajar um ano para me encontrar de verdade comigo mesmo, também começaria pelo COMER.

Pela Itália, pelo sabor.

Pela redescoberta do paladar que é um dos primeiros sentidos que nós, seres humanos, desenvolvemos.

E que depois trocamos pelo engolir rápido para chegar a tempo, às vezes nem se sabendo por que?



Sabor, gosto, paladar, cheiro, satisfação.



Mangiare.

Ricorda che mangiare te fa benne!, bella!!

Itália, per favore!



Seguindo Liz iria também em busca dos assuntos da alma.

Estar mais limpa para enxergar definitivamente o deus que está em mim.

Que sempre esteve, em todos os momentos, mas que a distração do mundo exterior consegue me levar para longe daquilo que eu sou.



Não sou palha. Sou deus.

E o foco é no Eu Interior.

Rezar.

Meditar.

Orar.

Tantas variações e o deus único, está lá do mesmo jeito para todo mundo.



Momento de viajar para dentro.

Pode ser a Índia, pode ser Florianópolis ou interior da Bahia.

O importante é manter firme a direção.

Para dentro.



Namastê!



Depois do encontro, da plenitude, de deixar o deus vivo estar presente em todos os seus momentos, minutos, atitudes, da maneira mais simples que É, o momento do AMAR.



Bali é mesmo cenário ideal.

Mas não é preciso um romance do nível do filme.

Javier Barden é tudo. Falando português então... ai meu deus. Tudo de bom!



Só que não é preciso um amor assim para amar.

Não é preciso do outro para se ter amor e encher o peito, o coração, o corpo todo do melhor sentimento.



Pode se apaixonar por si mesmo.

Pelo mar.

Pela caminhada na praia de manhã.

Pelo canto dos pássaros ou pelo simples fato de se estar naquele lugar, naquele momento.



É claro que preparado deste jeito, é possível que se esbarre num amor parecido com o da Liz.

E se você tiver sido capaz de achar o deus dentro de si mesmo, ele será a cara do Javier.



Chego mais uma vez ao final do filme.

Com uma vontade louca de sentir o sabor de um bom vinho tinto, de uma massa, de un formagio, de um tomate com manjericão, de um gelatto e un espresso italianíssimo!



Vontade de voltar a sentir gosto, paladar.



De ficar de olhos bem fechados, ouvindo somente a respiração entrando, saíndo.

De não pensar em nada.

De me olhar de frente.

De não ter mais medo.



E depois de tudo, só viver amores que me amam como eu os amo.

Puro, sincero, sem interesses.

Amores que me aceitam como eu sou.

Que não me julgam. Que me amam sem expectativas.

E que me amam só de amor.



Vontade de iniciar o filme outra vez, fazendo as malas, para enfim partir para a minha vez de viajar um ano só para me curar.



15 OCT 2011